quarta-feira, 25 de março de 2009

CAPITULO IV - ENCONTRANDO WILLIAN TACH

CAPÍTULO IV

ENCONTRANDO WILLIAN TACH

 

A manhã da coroação estava clara, o céu muito azul e fazia muito calor. Eu procurava por Janice, claro! Ela precisava me ajudar com roupa e cabelo. Normalmente eu não ligava muito pra isso, mas hoje eu precisava de ajuda.

Foi a primeira vez que caminhei pelos jardins do castelo sem meu pai. Eu queria que ele estivesse comigo agora. A folhagem ainda estava muito verde, apesar do calor, e haviam flores coloridas por toda a parte. Meu pai havia feito esse Jardim em homenagem a minha mãe. Eu andava por ali agora sem me lembrar o porque, apenas lembrando dos momentos com meu pai.

- Ainda ta em tempo de fugir! – disse a voz de Carlinhos a minhas costas.

- Não vou fugir! – eu respondi me virando e quase caindo sentada. Ele devia estar trabalhando no navio. Ele estava com a camisa pendurada no ombro, deixando seu peitoral a mostra. Eu demorei algum tempo pra me concentrar novamente. Mas agradeci por ter aceito me casar com ele!

- No que você estava pensando então?! – ele perguntou me abraçando. Eu não me importei por ele estar todo suado e grudento.

- Só queria que meu pai estivesse aqui hoje! – eu disse. Ele me beijando e sorrindo.

- Ele está! – ele disse me encarando com seus olhos verdes. E eu me perguntei por que tinha demorado tanto tempo pra ficar com ele.

- Eu sei! – eu respondi após alguns segundos. Ele me beijou novamente.

- Eu preciso ir me arrumar! – ele disse se afastando alguns centímetros. – Preciso de um banho... mas o navio já está prontinho capitã!

- Ótimo marujo! É bom estar mesmo, ou você vai ser o primeiro a esfregar o convés! – eu disse quando voltamos para o castelo de mãos dadas. Eu não sabia se agüentaria lidar com tudo que estava acontecendo se ele não estivesse ao meu lado.

Janice já me esperava no meu quarto quando eu voltei. Ela e os outros empregados haviam juntado suas economias para me darem um vestido. Eu não havia pensado que precisaria de um vestido novo. Quer dizer, eu tinha tantos, e muitos deles eu nunca tinha usado. Mas de qualquer forma, era lindo. Era do tipo bolo, mas a própria ocasião pedia esse tipo de vestidos. Era simples, mas ao mesmo tempo chique e delicado. Não tinha aquele monte de pedrarias, ou coisas penduradas. Era simplesmente um corpete branco com seu trançado em dourado e as mangas champanhe. A saia também era do mesmo tecido da manga, sem muitos bordados.  Janice prendeu meu cabelo em um rabo de cavalo alto, e soltou alguns fios. Não muita maquiagem ou nada muito sofisticado.

- Obrigada! – eu agradeci me olhando no espelho. Ela parecia tão orgulhosa de mim.

- Sua mãe ficaria tão feliz! – ela disse deixando algumas lágrimas correrem pelo seu rosto.

- Eu sei! – eu disse. – Mas eu ainda nem estou me casando, é só meu noivado! É do Jack que ela deveria se orgulhar... hoje é o dia dele!

- Sim! É claro que ela se orgulharia dele também! Mas mesmo assim! – ela disse sorrindo e me abraçando. – Você precisa ir! A cerimônia começa em alguns minutos!

Eu agradeci mais uma vez pelo vestido e disse que depois pagaria por ele, mas ela ficou ligeiramente ofendida. Eu encontrei Carlinhos na escadaria da capela. Ele vestia a roupa de gala do exercito. Era azul marinho com detalhes em vermelho e branco.

- Você está ainda mais linda! – ele disse segurando minha mão. Nós entramos na capela e eu fui me sentar junto de Jack, enquanto Carlinhos ficou em pé, do outro lado de Jack, como comandante do exercito. A cerimônia de coroação foi muito bonita! Eu me emocionei em vários momentos e tive certeza que meu pai ficaria muito feliz, e que Jack se sairia muito bem. Logo após a coroação, Jack anunciou o noivado.  Carlinhos se ajoelhou novamente e pediu minha mão em casamento à Jack, que parecia ainda mais feliz que nós. Jack havia dado o anel de noivado da minha mãe para Carlinhos. Eu não acreditei quando ele colocou o pequeno anel de ouro com um pequeno diamante no meu dedo.

Algumas pessoas não pareciam muito felizes, como os Alcântara e mais alguns parentes, mas eu e Carlinhos estávamos muito felizes.

Logo após, seguiu-se um jantar de comemoração. Eu odiava essas festas, onde pessoas que nem te conhecem aparecem pra mostrar seu status Eu fico enjoada só em pensar. A festa acabou tarde. Jack e Amelie, sua noiva, estavam muito alegres e não paravam de dançar ao som de qualquer coisa.

- Você precisa descansar! – disse Carlinhos enquanto eu ria dos dois dançando enquanto Alejandro e Dona Lourdes batiam colheres nas taças de vinho.

- Você também! – eu disse sorrindo quando ele acariciou meu rosto.

- Você quer que eu te coloque na cama?! – ele perguntou me abraçando e arrumando uma mecha do meu cabelo. Eu ainda ria de Jack e Amelie. Mas ele continuou me encarando com seus olhos verdes.

- Sim! – eu respondi sorrindo. Carlinhos estava sendo a minha luz no fim do túnel! – Mas temos que ajudar a arrumar essa bagunça!

- Liv! – Janice me censurou passando com uma bandeja cheio de copos vazios ou com restos. – Não se preocupe com isso!

- Até parece! – eu respondi – Eu quero ajudar!

- Jô vai enfartar se você entrar na cozinha dele com bandejas! Vá dormir! Amanhã vocês ainda terão um longo dia pela frente! – ela disse séria.

- Mas... – eu comecei.

- Leve ela! – disse Janice para Carlinhos.

- Eu só cumpro ordens! – ele disse me colocando sobre seus ombros. Eu tentei gritar e me debater, mas não funcionou. Ele só me soltou quando chegamos no meu quarto. Ele me colocou gentilmente no chão.

- Eu queria ajudar! – eu reclamei fazendo biquinho, ele sorriu.

- Eu sei, mas você precisa dormir! – ele disse. Minutos depois eu já estava deitada. Carlinhos conseguia ser bem mandão às vezes, mas eu não me importava. Ele me beijou e saiu do quarto, e segundos depois eu cai no sono.

 

 

Eu nem me dei conta que o dia havia amanhecido. O dia estava ótimo pra navegar. Céu limpo, um pouco de vento, não estava muito calor apesar de tudo. Minha coisas já estavam arrumadas muito dias atrás.

A próxima coisa que eu sei é que eu estava me despedindo de Jack e dos outros, em um navio cheio de homens, indo ao encontro de Willian Tach. Não podia mentir que estava com medo, morrendo de medo, mas Carlinhos me fazia me sentir um pouco mais segura. Jack me abraçou por muitos minutos.

- Lembra do que você me prometeu?! – ele perguntou me soltando. Nossos olhos se cruzaram e eu sorri.

- Claro Jack! Relaxa! – eu disse quando Carlinhos começou a caminhar para o navio. Jack olhou ele se afastar. E me encarou sério.

- Você contou sobre Will pra ele?! – ele perguntou me olhando nos olhos. Eu poderia me fazer de desentendida e fingir que não sabia sobre o que ele estava falando, mas não ia adiantar nada. Eu respirei fundo e enfrentei os olhos de Jack.

- Não! – eu respondi abaixando a cabeça. – Como você sabe?! – eu perguntei confusa.

- O papai me contou! – disse Jack muito sério. Eu não sabia o que dizer. Nós nos encaramos por mais alguns segundos.

- Por que você não contou?! – eu perguntei. Eles eram tão amigos e contavam tudo um pro outro!

- Quando eu fiquei sabendo, achei melhor não contar, não faria diferença na época! E agora eu acho que você devia contar! – Jack disse segurando minha mão. – mas é você quem decide! – ele disse dando um beijo no meu rosto. Eu me afastei tentando não pensar na opinião de Jack.

Mas foi quase impossível afastar essa conversa do meu pensamento. O bom é que tinha muito trabalho no navio, e por isso eu até conseguia manter minha mente ocupada.

No terceiro dia que estávamos no mar, estava olhando o horizonte quando Carlinhos veio, com seus olhos verdes. Ele me encarou curioso por alguns segundos, e olhou na direção em que eu olhava e então parou ao meu lado.

- No que está pensando? - perguntou ele pegando minha mão. Eu o encarei por alguns segundos.

- No papai! - eu menti segurando a mão dele. Nós ficamos em silêncio por alguns segundos. E foi então que eu me dei conta - É a primeira vez que navego sem ele! - eu continuei tentando não chorar.

- Ele ficaria orgulhoso de você! - disse Carlinhos sorrindo e corando. Ele era tão tímido e tão lindo. Minha vontade de chorar até foi embora após daquele sorriso.

 - Obrigada por tudo! - disse eu derretida pelos olhos verdes. Ele só segurou minha mão mais forte e sorriu. E ficamos ali em silêncio por um tempo. Logo começou a escurecer e esfriar um pouco. Eu havia ficado o dia todo naquele leme. Mas não me importava. Me fazia me sentir próxima do meu pai.

- Cansada?!- ele perguntou quebrando o silêncio. Eu sorri.

- Um pouco! Mas tudo bem! – eu respondi. Ele acariciou meu rosto. Uma onda de eletricidade percorreu minha espinha. Tudo ficava muito melhor quando ele me tocava.

- Vamos, você precisa descansar um pouco! – ele disse travando o leme. Eu o encarei confusa.

- Ta tudo bem, é serio! – eu disse sorrindo, mas ele me puxou para a cabine principal. Era um pouco injusto, eu sozinha ficar com aquela cabine enorme, e ele dormir com os outros. Mas eu entendia, eu era a única mulher a bordo, e apesar de Carlinhos ser meu noivo, nós ainda não éramos casados, nem nada. Jack se sentia melhor desse jeito.

O mar estava tranqüilo, e muitos marujos também aproveitavam pra descansar. Carlinhos fechou a porta da cabine atrás de nós e me beijou, mas foi um beijo diferente dos outros. Mais quente, mais urgente.  Os outros já eram ótimos, mas esse fez minhas pernas fraquejarem e meu coração quase parar de tão rápido que ele batia. Ele me encarou por alguns segundos, mas eu não disse nada. Então ele me beijou novamente. Eu comecei a abrir sua camisa e acariciar seu abdômen. Ele me trouxe ainda mais pra perto. Ele estava tão quente e o gosto que tinha aquilo tudo era tão bom! Eu não conseguia me afastar ou fazer parar. Eu não queria que parasse. Eu não sei como, mas minutos depois meu vestido já estava no chão, e eu estava só com o espartilho. Ele me deitou na cama cuidadosamente. Segundos depois, ele me soltou e se deitou ao meu lado, ofegante. Eu ainda demorei um pouco para retomar minha consciência e meu fôlego.

- O que foi?! – eu perguntei virando a cabeça de lado para conseguir olhar pra ele. Ele me encarou de volta.

- Eu não deveria ter feito isso.... – ele disse se sentando de repente. Eu revirei os olhos. Ele não precisava fazer tudo sempre conforme as regras que um irmão estipulava!

- Por quê?! – eu perguntei confusa.

- Eu deveria ir com calma! – ele exclamou me olhando – E deveria esperar nosso casamento! Seu irmão....

- Meu irmão?! – eu perguntei incrédula. Ele não podia estar MESMO pensando no meu irmão agora!

- Não! Só achei que você concordasse com Jack! – ele disse confuso. Eu ri. Jack era meu irmão mais velho! Era natural que ele estipulasse algumas regras. E ele sabia que eu particularmente não cumpriria nenhuma delas! – Achei que você também gostaria de esperar até o casamento! – ele disse de repente. Eu respirei fundo...

– É por isso?! – eu perguntei. Acho que finalmente nós íamos ter que conversar sobre Will. Ele me encarou muito sério.

- Isso não importa pra você?! – ele perguntou me encarando confuso. Eu olhei para o lustre de cristal pendurado no teto.

- Não! – eu respondi corando e voltando meu olhar para ele. Um sorriso torto se abriu em seu rosto. – Pra falar bem a verdade, eu ficaria muito melhor se você viesse pra cabine também!

- Eu sei, mas..... as pessoas

- Eu não me importo com as pessoas! – eu interrompi o encarando. Ele tentou ler meus pensamentos por alguns segundos.

- Às vezes você me surpreende! – ele disse sorrindo de repente.

- Por quê?! – eu perguntei sorrindo de volta, mas ele deu com os ombros. Nós ficamos em silêncio por mais alguns minutos. Ele começou a acariciar meu braço e eu deitei a cabeça na sua barriga..

- Você estava falando sério sobre eu dormir aqui com você?! – ele perguntou.

- Claro! – eu respondi distraída. Ele mexeu no meu cabelo me encarando confuso com seus olhos verdes.

- Tudo bem! Eu posso ficar no sofá! – ele disse sorrindo de repente. Eu revirei os olhos. Eu não ia me jogar em cima dele como eu estava fazendo ultimamente. Ou ia?!

- Por que no sofá?! – eu ouvi minha voz perguntar. É claro que eu ia me jogar em cima dele!

- No chão?! – ele perguntou me olhando confuso.

- Na cama! – eu respondi mal humorada. Parecia que ele estava se fazendo de desentendido, e isso me irritava. Mas ele arregalou os olhos, espantado. Será que ele era tão ingênuo assim?!

- Liv... – ele começou escolhendo as palavras. – Eu não quero apressar as coisas... – ele me olhava sendo cuidadoso com o que dizia. – Eu não quero que você faça nada contra sua vontade, ou só pra me agradar...

- Não é por isso que eu estou pedindo pra você ficar aqui comigo! – eu respondi séria. Ele me olhou ainda mais confuso. – Eu não quero.... eu não consigo mais ficar longe de você! – eu disse corando. Ele sorriu e me beijou.

- Nem eu! – ele respondeu num sussurro me abraçando e beijando meu pescoço.

 

Eu pisquei algumas vezes antes de abrir os olhos. O sol já havia nascido. Eu não precisei fazer força pra me lembrar do que havia acontecido na noite anterior. Eu tinha certeza que finalmente tinha encontrado o homem certo pra mim. Carlinhos era romântico, atencioso, bem humorado, engraçado e lindo! Nós voltamos no mesmo dia para o castelo, esquecemos toda a historia de vingança e nos casamos, tivemos 7 filhos e fomos felizes para sempre!

 

FIM

 

Antes a história fosse assim, linda, simples, curta e feliz! Era brincadeira, na verdade, a história nem começou! Mas sim, eu estava apaixonada de verdade por Carlinhos. Claro que era bom estar apaixonada, mas eu estava com medo e assustada de como tudo parecia ter mudado em tão pouco tempo.

 

 

Eu abri os olhos e ali estava ele, ainda dormindo, tão lindo, tão tranqüilo! Eu me acomodei entre seus braços e ele sorriu ainda de olhos fechados.

- É um sonho, não é?! – ele perguntou cheirando meu cabelo. Eu ri. – Eu não quero acordar.... – ele resmungou me puxando ainda mais pra perto.

- A gente precisa levantar! Já tiramos a noite toda de folga! – eu disse tentando me levantar, mas Carlinhos me segurou. Ele finalmente abriu seus olhos e me encarou.

                - Você é tão linda, que eu ainda não acredito nisso tudo... – ele disse me olhando com seus olhos verdes. Eu ri, e senti meu rosto ficando vermelho. Ele acariciou meu rosto com seu polegar.

                - Você é que é perfeito demais pra ser de verdade! Eu ainda não sei por que demorei tanto tempo pra ficar com você! – eu disse fazendo ele ficar vermelho.

                - Levantar?! – ele tentou disfarçar sua timidez. Ele me olhou nos olhos, sorriu e me beijou.

                - Cacá! – gritou um dos marujos lá fora. Eu comecei a rir. Até os marujos o chamavam por apelidos. Ele me encarou por alguns segundos, respirou fundo e se levantou. Eu assisti ele vestir suas calças.

                - Depois nós continuamos! – ele disse saindo e fechando a porta atrás de si. Eu ouvi os dois conversando próximos a porta, mas não consegui entender o que eles diziam. Então me levantei e vesti uma camisa qualquer de Carlinhos. Eu senti a agitação do lado de fora. E caminhei lentamente até a varanda que havia no fundo da cabine. Os navios reais tinham um tipo de varanda na cabine, pois meu pai adorava passar um tempo ali, sentindo a brisa marítima sem o tumulto do convés. A cada passo que eu dava em direção a varanda, a agitação lá fora crescia. Eu me apoiei no parapeito de madeira e então pude ver o motivo da agitação, ancorado em uma pequena ilha estava o Senhor dos Ventos. Ainda estávamos um pouco longe. Eu só pude reconhecer o navio por sua vela central, alta e negra, como uma nuvem de fumaça dançando no vento. Havia algum movimento próximo a praia, mas eu ainda não conseguia ver bem o que era. Eu coloquei um vestido descente e sai da cabine. O convés mais parecia um formigueiro. Marujos corriam de um lado para o outro.

                - ‘Dia Princesa! – alguns deles diziam enquanto eu caminhava procurando por Carlinhos. Eu respondia com um sorriso, ou com um leve tapinha nas costas de alguns. Não demorou pra eu encontrar Carlinhos no leme.

                - Por que você não me chamou?! – eu perguntei tirando ele do meu posto. Ele me encarou por alguns segundos.

                - Se Will atacar.... – ele começou.

                - Se Will atacasse eu estaria na cabine... o navio ia afundar do mesmo jeito! – eu disse séria.

                - Eu sei... – ele disse me abraçando. Eu o abracei também.

                - Seu irmão não vai atacar! – eu disse tentando tranqüilizá-lo. – Na verdade, ele já teria atacado se fosse pra ele atacar...

                - Você tem tanta confiança nele! – ele exclamou beijando minha testa. Eu enrijeci por alguns segundos, esperando que ele dissesse mais alguma coisa sobre Will, mas ele não disse nada. Alguns minutos depois já estávamos ancorados e nos preparávamos para ir até a praia. Carlinhos parecia estar extremamente tenso. Já do bote eu podia ver Will deitado na areia tomando sol.

                - Você está bem?! – Carlinhos perguntou segurando minha mão. Eu respondi que sim com a cabeça. Eu percebi que apesar de não estar usando sua farda de comandante, Carlinhos carregava sua espada. Eu tentei me acalmar e me convencer que Will não faria uma coisa daquelas com meu pai. Ele continuou deitado na areia com os braços embaixo da cabeça, sem camisa, com o cabelo molhado solto. Eu tentei não pensar em Will como meu Will, mas sim como Willian Tatcher, o pirata que havia matado meu pai. Não foi tão difícil quanto eu imaginei. A raiva tomou conta de mim, assim que Will finalmente se levantou para nos receber.

- Carlinhos! Liv! - exclamou ele vindo de braços abertos. Mas eu fui mais rápida e arranquei a espada de Carlinhos de seu cinto, e parando milímetros antes de cortar a garganta de Will.

- Liv! – exclamou Carlinhos tentando me segurar. Eu já esperava que ele fosse tentar me parar e já havia me preparado, acertando em cheio seu nariz com meu cotovelo esquerdo, o derrubando na areia. Na hora eu fiquei arrependida, Carlinhos não merecia, mas eu queria acabar com Will e não queria que ninguém me impedisse de fazer isso.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntou Will percebendo que não fui nada receptiva. Carlinhos se levantou com o nariz sangrando.

- Calma Liv! – ele disse limpando seu nariz em sua camisa. Meus olhos ainda estavam em Will.

- Você é um cara de pau! - eu disse séria.

- Eu sei! - disse Will confuso sem se mover.

- Liv! Me devolve a espada! – Carlinhos disse sério. Will o encarou por alguns segundos. – Eu só quero a espada! Não vou impedir que ela acabe com você! – Carlinhos disse para o irmão. Will voltou seus olhos pra mim.

- Isso é por causa do Rei?! – Will perguntou. Eu tentei me segurar mas em uma fração de segundos eu dei com o cabo da espada na têmpora de Will. Ele caiu inconsciente. Carlinhos me segurou.

- Calma! Respira! – ele disse me abraçando. Eu comecei a soluçar.

- Idiota! – eu murmurei contra o peito de Carlinhos. – Me desculpa, eu não queria...

- Tudo bem! – ele disse pegando a espada da minha mão.

- Eu matei ele?! – eu perguntei sem ter coragem de olhar. Carlinhos riu. E eu ouvi Will se mexer na areia.

- Caramba Liv! – exclamou Will – Quem te ensinou a bater assim?!

- Eu! – respondeu Carlinhos ainda me segurando.

- Bom trabalho, hein?! Ela bate melhor que muito marmanjo por ai! – disse Will. Eu me virei para ele, um pouco mais aliviada de não ter o matado só no primeiro golpe. Mas ele ainda estava sentado na areia. Seria muito fácil o acertar outra vez.

 - Seu idiota! Por que você matou meu pai? O que você achou que estava fazendo? Brincando de pirata malvado? - eu disse tudo tão  nervosa entre os dentes. Eu senti os dedos de Carlinhos se afundarem no meu braço. Willian ficou me olhando sem entender. E então se levantou.

- Matar seu pai? Eu? - perguntou ele calmamente limpando a areia de suas mãos. - Olha só, vocês entenderam tudo errado, eu achei o corpo do Rei boiando já, e pedaços de alguma embarcação que com certeza afundou. Mas eu mesmo nem vi o navio Real.

- Pare de brincadeira Will! - disse Carlinhos sério enquanto eu me acalmava. Will nos olhou parecendo desapontado. Ele respirou fundo e pensou por alguns segundos.

- Vamos para a minha cabine no navio, ai podemos conversar melhor! - disse ele notando que todos os marujos olhavam. Eu adoraria acabar com ele ali, na frente de todos os seus homens. Carlinhos me soltou para que nós pudéssemos ir até o navio, mas eu não me segurei e pulei pra cima de Will, acertando sua boca. Nós dois caímos na beira do mar. Will rolou para tentar me segurar, mas eu fui mais rápida e rolei por cima dele. Eu já estava toda molhada e suja de areia.

- Liv! Me escuta! Você sabe que eu não faria nada contra seu pai! – disse Will segurando minhas mãos para eu não acertá-lo novamente. Eu olhei em seus olhos. Claro que eu sabia disso, mas não tinha nenhuma outra explicação pro que havia acontecido.

- Vamos pro navio! Deixa ele explicar Liv! – disse Carlinhos em seu tom mandão. Meu olhos foram de Will para Carlinhos. Eu revirei os olhos e sai de cima de Will e então nós fomos em silêncio até o navio. 

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