quarta-feira, 25 de março de 2009

CAPITULO V - A LENDA DE BERNARD FOKKE

A cabine de Will era ampla.  Havia uma grade mesa de madeira escura logo no hall de entrada. Estantes com livros cobriam quase todas as paredes. Havia um piano à esquerda, no fundo, próximo a grande parede de vidro, havia uma escrivaninha circundada por algumas poltronas azuis escuras. Mais a direita da escrivaninha, ficava um biombo que separava o quarto do restante da cabine. Will se encostou a frente da escrivaninha e fez sinal para que nós nos sentássemos. Eu me joguei em uma poltrona molhada e mal humorada. Carlinhos havia arrancado sua camisa para tentar parar o sangramento de seu nariz. O lábio de Will também sangrava, mas ele parecia não se importar com isso.

- Vocês entenderam tudo errado! - disse Willian sério me encarando.

- Não! Não entendemos! - eu disse ainda com ódio. - Meu pai e o seu marujo tinham a marca do seu navio. Eu entendi muito bem sua mensagem Will!

- Quando meus marujos acharam o corpo do seu pai... - começou Will praticamente me ignorando. - Eles realmente fizeram a marca, mas ele já estava morto Liv! - ele disse vindo para perto de mim e me olhando com seus olhos escuros. É claro que eu acreditava nele, mas eu não conseguia pensar em nenhum outro pirata, ou em nenhuma outra pessoa que pudesse ter feito aquilo.

- Então quem afundou o navio e matou o Rei? - perguntou Carlinhos tirando sua camisa manchada de sangue da frente de seu rosto. Will deu sua camisa para que eu vestisse, pois eu comecei a tremer de frio naquela cabine, mas eu o ignorei.

 - Fokke... Bernard Fokke! - disse Will jogando a camisa em cima da escrivaninha e olhando para Carlinhos.

- AH Will! - eu me levantei depressa e percebi que os dois que trocavam olhares nervosos, de repente eles se viraram para mim - Você não está querendo dizer que Fokke está vivo? - é claaaaro que eu não acreditava mais em Will!. Mesmo se ele estivesse vivo, se a Lenda fosse realmente verdadeira... ele nunca poderia sair do Estreito!

- É impossível! - disse Carlinhos sorrindo nervoso, concordando comigo. Mas ele não parecia seguro o suficiente do que ele havia acabado de dizer.

- Eu tô falando sério! - disse Will ignorando Carlinhos. – Ele tá livre! Eu vi o navio dele, com meus próprios olhos... – ele completou aflito. Eu tive um ataque de riso. Ou Will tava ficando doido, ou ele achava que eu era muito idiota de acreditar em tudo isso. - Até por isso estamos aqui, ancorados... – continuou ele desanimado

- Mesmo assim você não tem certeza que foi Fokke quem afundou o navio do Rei! - disse Carlinhos e Will deu com os ombros.

- Quem mais poderia ser? - perguntou Willl se sentando sobre a escrivaninha. - Hoje ninguém mais ataca um navio real, é muito perigoso... - disse Will. Carlinhos parecia estar levando em conta toda a história de Will. Eu respirei fundo para não me descontrolar novamente. Os dois estavam pensativos, cada um em seu canto.

- Tudo bem Will! - disse eu um pouco mais calma - Vamos dizer que você esteja falando a verdade. Que Fokke tenha realmente conseguido sair do Estreito vivo... o que ele ia ganhar afundando o navio do meu pai? - eu perguntei e Willian sorriu pra mim, pela primeira vez no dia, ou foi a primeira vez que eu reparei que seu sorriso continuava o mesmo. Seus olhos continuavam os mesmos.

- Princesa... - disse ele me olhando nos olhos. – Seu pai deveria ter alguma coisa que o interessava!

- Ou não! – exclamou Carlinhos. – Se for mesmo Fokke, ele afundaria o navio antes mesmo de saber a quem pertencia!

- Não! – exclamou Will sério. – Na verdade eles não afundaram o navio do Rei! Eles trituraram, não tinha nenhum pedaço inteiro do navio maior que essa escrivaninha! Foram tiros de muito perto! Dez metros, quinze, no máximo...

- Como assim?! – perguntou Carlinhos confuso. Will deu com os ombros. – Eles estavam lado a lado?! – Carlinhos perguntou, Will assentiu.

- É impossível destruir um navio da forma como estava o navio Real, se os dois não estivessem a poucos metros de distancia... – disse Will encarando Carlinhos.

- Você está dizendo que eles estavam... juntos?! – perguntou Carlinhos pensativo. – Como se eles tivessem negócios a tratar , ou uma conversa?!

- É a única explicação que eu encontrei! – respondeu Will. Nós ficamos em silencio. Cada um formulando sua própria teoria.  Mas após alguns minutos minha mente não conseguia trabalhar em mais nada. Tudo que eu conseguia pensar era como meu pai deveria ter passado seus últimos minutos. O que ele tinha a tratar com Fokke?! E será que ele havia pensado que Fokke iria o atacar?! Meus olhos se encheram de água. Mas eu impedi que as lágrimas começassem a aparecer.

 - Mas meu pai só tinha um monte de papeladas no navio, eu vi! Não havia nada que realmente interessasse ao Fokke! - eu disse de repente, fazendo os dois se sobressaltarem. Willian me encarou bem humorado por alguns segundos e então começou a rir. - Do que você está rindo? - eu perguntei irritada. Ele se ajoelhou na minha frente e acariciou meu rosto.

- Fokke está realmente atrás de alguma coisa! E eu tenho quase certeza que seu pai tinha o que ele queria! E seu pai sabia disso! Ele sabia que Fokke já estava livre! - Will disse sério. Eu o encarei confusa por alguns segundos.

- Como assim?! – eu perguntei tentando entender o que estava se passando na cabeça de Will.

- Liv! Ele estava indo direto pra lá! Ele sabia exatamente onde encontrar Fokke! – disse Will muito sério. Eu o encarei sem saber o que dizer. O que meu pai iria querer com Bernard Fokke?!

- Por que ele faria isso?! – Carlinhos perguntou, tirando as palavras da minha boca. Will deu com os ombros.

- Foi tudo muito estranho! – disse Will pensativo. – Eu encontrei com o Rei alguns dias antes dele morrer. Ele pediu pra deixar algumas coisas no meu navio e pediu pra levar mais da metade dos seus marujos para a costa.

- Por que?! – eu perguntei ainda tentando entender o que havia acontecido. Will me encarou ainda pensativo.

- Eu perguntei, mas ele pediu pra eu não fazer perguntas, e apenas fizesse este favor a ele! – disse Will me encarando – Ele não quis me dizer nem onde estava indo!

- Pra onde você acha que ele estava indo?! – Carlinhos perguntou pensativo, encarando seu irmão. Will arregalou os olhos e deu com os ombros.

- Eu ouvi dizer que ele deixou o resto dos marujos no meio do mar com alguns botes, mas não falou pra ninguém onde estava indo! – disse Will encarando Carlinhos sombriamente.

- Por que o Rei iria... O que ele tinha pra tratar com Fokke?! – perguntou Carlinhos encarando o irmão.

- É isso que eu to tentando descobrir há dias! – disse Will pensativo. Tudo era muito irreal. Eu não podia acreditar na história de Will, mas Carlinhos parecia estar levando tudo tão a sério. Meu pai morto e Fokke não era uma Lenda??!!

- Talvez eu tenha uma vaga idéia... – disse Will de repente, ainda pensativo. Os dois começaram a se encarar como se um pudesse ler a mente do outro.

- As coisas que o Rei deixou com você?! – Carlinhos perguntou. Will apontou para um antigo baú próximo ao piano.

- Está tudo ai! Tem umas coisas bem interessantes.... – disse Will enquanto Carlinhos se aproximava do baú.

- Eu não consigo entender! – eu disse finalmente quando Carlinhos começou a examinar o conteúdo do baú. – Por que meu pai iria fazer uma coisa dessas?! Sair atrás de Fokke sem ninguém...

- Liv! – interrompeu Will ainda ajoelhado a minha frente. – Seu pai não queria que ninguém interferisse, seja lá o que ele quisesse fazer!

- O que ele iria fazer??! – eu perguntei aflita. Will deu com os ombros e se juntou a Carlinhos, que abriu caminho para o irmão mostrar o que ele já havia encontrado. Will mexeu no baú por alguns segundos e então tirou um caderno de capa vermelha, muito grosso devido a grande quantidade de coisas dentro dele. Eu conhecia aquele caderno.

- É o diário do meu pai! – eu exclamei me levantando e indo até eles. Os dois sorriram. É claro que eles também já sabiam disso. Will me colocou sentada novamente e abriu em uma das ultimas páginas que meu pai escreveu.

- “Finalmente minha busca terminou! Ainda é triste pensar que poderei estar pondo em risco a coisa que mais amo no mundo, porém também sei que está pode ser a única forma de salva-la.

Se eu não tivesse encontrado o medalhão e qualquer outro caçador de tesouros tivesse feito isso em meu lugar, minhas mãos estariam atadas. Pelo menos agora existe uma esperança!” – Will terminou de ler e os dois me olharam em busca de alguma resposta. Carlinhos enxugou uma lágrima solitária que escorria pelo meu rosto.

- Você sabe do que seu pai estava falando?! – Carlinhos perguntou acariciando meu rosto. Eu respondi que não com a cabeça. Eu não fazia nem idéia! A coisa que ele mais amava no mundo?! Eu?! Jack?! Minha mãe?! O reino?!

- Eu sei! – disse Will calmamente. Meus olhos e de Carlinhos ficaram presos nele. - O medalhão! – exclamou Will encarando seu irmão como se fosse uma coisa obvia. Os olhos de Carlinhos se estreitaram.

- Que medalhão?! – eu perguntei confusa. Eu conhecia a lenda e Bernard Fokke, mas nunca havia ouvido historia nenhuma sobre um medalhão.

- Não faz sentido! – disse Carlinhos encarando Will.

Willian sorriu e abriu em uma nova página do diário e mostrou à Carlinhos, que pegou o diário da mão de Will. Os dois se encararam por mais alguns segundos.

- O Medalhão! – exclamou Carlinhos sorrindo. – Foi o Rei quem libertou Fokke! – disse Carlinhos ainda rindo.

- Da pra vocês me explicarem?! – eu perguntei irritada. Os dois riam feito crianças e eu não conseguia entender.

- Liv!  Nós buscamos esse medalhão por muito tempo... – disse Carlinhos me encarando e dando o diário nas minhas mãos. Eu olhei para a página que Carlinhos estava me mostrando. O desenho de um medalhão cheio de gravuras e frases em uma língua desconhecida enchia a página. Era a última página do diário. Não havia mais nada escrito nas páginas seguintes. Eu encarei aquele desenho por mais alguns segundos, meu coração acelerou.

- O que significa esse medalhão?! – eu perguntei tentando me acalmar. Os dois ainda pareciam entusiasmados demais com a nova descoberta. Will se aproximou e sorriu.

- O que você sabe sobre a história de Fokke?! – ele perguntou ainda com aquele sorriso bobo. Eu revirei os olhos e mordi o canto do meu lábio.

- Não muito, eu acho! Era uma das minhas histórias favoritas, mas meu pai parecia não gostar muito dela! – eu disse tentando me lembrar. – Fokke era um pirata, um dos piores que já existiu.... um dia ele se apaixonou por uma moça! O pai dessa moça não queria que eles ficassem juntos! – eu parei por alguns segundos tentando lembrar do resto da história. Will e Carlinhos me encaravam esperando que eu terminasse. Eu respirei fundo tentando entender o que tudo isso tinha a ver com o medalhão. –Fokke estava decidido a se casar com a tal moça! O pai dela então propões que ele provasse seu amor pela moça fazendo uma viagem ao Estreito de Magalhães... e Fokke aceitou e foi, mas era tudo armação, porque o pai dela recorreu a magia para prender Fokke pra sempre no Estreito! Acho que é isso.... – eu terminei ainda tentando entender tudo isso. Will sorriu satisfeito.

- É isso! – ele disse me encarando como se fosse obvio, mas eu continuei sem entender. Eu encarei Carlinhos procurando uma resposta.

- O que a Lenda de Fokke tem a ver?! – eu perguntei começando a me irritar. Will e Carlinhos riram.

- Não é lenda Liv! – disse Carlinhos calmamente. – A história é real! – continuou ele sorrindo.

- Ah! – eu exclamei começando a rir. – Vocês não acreditam de verdade nisso né?! Quer dizer... eu sei que Fokke existiu, mas sei lá, ele foi pro Estreito e afundou, morreu, sei lá! – eu disse ainda rindo. Mas os dois me encaravam sérios.

- Liv... – começou Will pensativo. – Seu pai acreditava nessa Lenda também, ou ele não iria atrás desse medalhão! – disse ele pegando o diário e me mostrando um desenho. Eu afastei os pensamentos que rondavam minha mente e peguei o diário.

- O que significa esse medalhão?! – eu perguntei novamente encarando aquele desenho. Will me encarou sério dessa vez.

- Liv! Toda essa história existiu! A garota era filha de um cigano poderosíssimo! Todos o respeitavam, mas ele não queria que sua filha se tornasse uma pirata, ele queria um futuro muito melhor pra ela! Ele aprisionou Fokke no Estreito e a chave para liberta-lo novamente era este medalhão... – disse Will chacoalhando o diário.

- Como assim?! – eu perguntei ainda sem entender.

- Ele escondeu este medalhão! O feitiço que ele fez dizia que assim que alguém encontrasse a chave, a prisão já estaria aberta... – explicou Carlinhos. – Ou seja só o fato de alguém encontrar o medalhão já significaria que Fokke estava livre novamente!

- E por que ele não guardou com ele?! Assim ele evitaria que os outros encontrassem o medalhão! – eu disse, mas os dois se encararam com uma expressão estranha.

- Esse tipo de magia é poderosíssima Liv e envolve vários... efeitos colaterais! – disse Willl.

- Um deles é a morte de quem a fizesse! – disse Will me encarando sombriamente. - Ninguém nunca havia encontrado o corpo do tal Igor e muito menos o medalhão...

- E por que vocês queriam esse tal medalhão?! – eu perguntei. Meus olhos foram de Carlinhos para Willan, que sorriu com o canto dos lábios.

- Vingança! – disse Carlinhos um pouco envergonhado.

- Fokke foi o responsável pela morte do nosso pai! – disse Will. – Outro efeito colateral deste tal feitiço é que Fokke se tornaria imortal...

- Em partes! – corrigiu Carlinhos. – O medalhão também é a única chave para mata-lo! – completou Carlinhos pensativo.

- Nós passamos anos atrás deste medalhão! – disse Will olhando mais uma vez para o desenho. – É uma jóia muito poderosa e pelo que nós estudamos! Foi um presente de um feiticeiro Inca à esse cigano! Precisamos saber onde seu pai o deixou... – disse Will me encarando.

- Mas por que meu pai iria libertar Fokke?! Eu não consigo entender... – eu disse ignorando o que Will havia dito.

- Talvez a intenção dele não fosse libertar Fokke, mas usar o medalhão para alguma outra coisa! – disse Carlinhos perdido em seus pensamentos.

- O que por exemplo?! – eu perguntei evitando as perguntas de Will sobre o paradeiro do medalhão. Carlinhos pensou por mais alguns segundos, e de repente arregalou seus olhos verdes.

- Trazer sua mãe de volta! – exclamou ele me encarando.

- Minha mãe?! – eu perguntei sem entender.

- Claro! – disse Carlinhos. – O medalhão tem o poder de trazer pessoas da morte!

- Não Cacá! – exclamou Will de repente. – Isso custaria a vida do Rei! – ele completou pensando melhor. Os dois ficaram em silêncio se encarando por alguns instantes.

- Dá pra vocês me explicarem ao invés de ficarem fazendo teorias.... – eu pedi nervosa.

- Esse medalhão pode trazer pessoas de volta a vida, mas o preço é a vida de quem deseja que isso aconteça! – disse Carlinhos vindo até a cadeira onde eu estava.

- Se isso for mesmo verdade... o Rei já estava morto quando Fokke afundou seu navio! E Fokke só estava mesmo atrás do medalhão! – disse Will. Mas eu sabia que alguma coisa não se encaixava na história.

- Meu pai precisaria estar com o medalhão?! – eu perguntei, os dois assentiram no mesmo segundo, porém me ignorando no instante seguinte.

- Mas por que o Rei iria para o Estreito?! Se ele fez mesmo isso, ele deveria ir o mais longe possível de Fokke, para que ele nunca encontrasse o medalhão! Se Fokke encontrou o medalhão, as chances de acabar com ele são praticamente nulas... – disse Carlinhos.

- Não é isso! – exclamou Will me encarando por alguns segundos. Eu me encolhi involuntariamente na cadeira. – Estamos indo pelo caminho errado! Primeiro porque o Rei não entregaria de bandeja o medalhão e depois que a Rainha não está de volta...

- Fokke pode ter a seqüestrado... – respondeu Carlinhos.

- Pode ser! – disse Will confirmando com a cabeça. Os dois ficaram em silêncio por muito tempo. – Mas mesmo assim, não faz sentido ele ter ido em direção ao Estreito!

- Eu sei! – eu exclamei de repente. Os dois me encararam assustados. – Quer dizer.... sei que meu pai não foi atrás deste medalhão pra trazer minha mãe de volta... – eu disse tentando me acalmar. Os dois me encararam confusos.

- Liv! Eu sei que você deve estar passando por um momento difícil, ,mas... – Will começou.

- O medalhão está comigo! – eu disse erguendo a barra do meu vestido mostrando o ultimo presente que meu pai havia me dado. Uma delicada tornozeleira com uma medalinha de ouro. – Na verdade não é um medalhão... – eu disse desabotoando a tornozeleira e colocando-a na palma da mão de Will. Os dois ficaram lado-a-lado para comparar a jóia com o desenho. Os dois sorriram.

- Finalmente o encontramos! – disse Will sorrindo. Os dois voltaram a me encarar.

- Foi o ultimo presente que meu pai me deu! – eu disse me levantando. – Ele disse que isso podia salvar minha vida! – eu completei. Os dois pareciam tão confusos quanto eu.

- Salvar sua vida?! – repetiu Carlinhos ainda encarando a pequena medalinha que pendia entre os dedos de Will.

- Talvez o Rei tenha se arrependido de libertar Fokke e como ele sabia que Fokke iria vir atrás disso aqui, ele deixou com a Liv... – Will começou a formular uma nova teoria.

- Ele acha que eu sou capaz de matar Fokke?! – eu perguntei ao mesmo tempo apreensiva e orgulhosa por meu pai ter confiado em mim desta forma. Carlinhos riu.

- Ele não confiaria isso ao Jack!- ele disse me encarando e sorrindo. Eu sorri de volta. Jack não sabia nem como segurar uma espada.

- O que faremos com isso agora?! – perguntou Will encarando Carlinhos. Carlinhos retribuiu o olhar do irmão, que sorriu. Will parecia muito animado, mas Carlinhos me encarou preocupado por alguns segundos.

- Eu não sei... – disse Carlinhos ainda com seus olhos em mim. Will seguiu o olhar de seu irmão até onde eu estava, e depois voltou a olhar para Carlinhos.

- É nossa única chance! – exclamou Will. Carlinhos assentiu finalmente encarando Will.

- A gente podia simplesmente reverter o feitiço... – disse Carlinhos desanimado. Will arregalou os olhos.

- Reverter?! Como assim?! Nós reviramos o oceano atrás disso aqui, e agora você quer desistir?! – Will estava começando a ficar nervoso.

- Will, isso foi antes! Muita coisa mudou... – argumentou Carlinhos também começando a se alterar. Seus olhos se voltaram pra mim novamente. Mas uma vez Will seguiu o olhar de Carlinhos.

- Eu sei que você se preocupa com a segurança da Liv, mas não vamos deixar nada acontecer a ela! E ela também sabe se cuidar! – disse Will. Carlinhos o encarou nervoso.

- Eu tenho que ir?! – eu perguntei sorrindo. Eu sabia que os dois planejavam uma vingança na qual eu não estava incluída, mas pela discussão deles aparentemente eu teria que ir junto. Will confirmou com a cabeça.

- Tem! O medalhão só tem poder nas mãos do seu proprietário! – disse Will. – E só pode ser de outra pessoa se seu dono morrer...

- Meu pai morreu, agora ele é meu... – eu deduzi. Os dois confirmaram com a cabeça. Eu sorri! Era tudo que eu precisava! Eu podia tirar a história da morte do meu pai a limpo!

- Mas eu não posso arriscar sua vida.... – começou Carlinhos vindo até mim. Eu revirei meus olhos.

- Eu posso finalmente descobrir o que aconteceu com meu pai! – eu disse o encarando nos olhos. Ele me encarou por alguns segundos.

- Liv! Você só está nervosa... – começou Carlinhos preocupado, Will me encarou por alguns segundos pensativo.

- Acho que ela precisa descansar! – disse Will finalmente concordando com Carlinhos e desviando seus olhos dos meus.

- Will! – eu implorei, como uma criança implora para a mãe por um doce. Ele precisava de mim e eu dele.

- É perigoso... – disse Will me encarando sorrindo. Eu sorri e dei com os ombros. Eu sabia que seria fácil dele voltar atrás. Carlinhos o encarou por alguns segundos.

- Não vale o risco! – disse Carlinhos secamente. Will parecia decepcionado com o irmão. Os dois ficaram perdidos em seus pensamentos. Will caminhou até sua estante e procurou por algum livro, e não demorou até o encontrar. Ele retirou da estante um livro pesado com uma capa marrom muito antiga. Ele folhou o livro até encontrar o que queria. O silêncio parecia interminável.

- Não temos outra chance... – disse Will. Carlinhos assentiu nervoso.

- Eu sei! – exclamou ele encarando Will. Meu coração deu um salto, eu queria ir junto.

- Eu preciso ir com vocês?! – eu perguntei tentando não demonstrar novamente minha animação. Carlinhos caminhou até a grande janela de vidro nervoso sem me responder. Will sorriu e veio até minha cedeira.

- Vai ser muito perigoso! – ele disse me encarando sorrindo.

- Eu sei! – eu disse sorrindo para ele. Ele acariciou meu rosto.

-Liv! Ele já afundou o navio do seu pai! – disse Carlinhos preocupado se virando para nós finalmente.

- Ele não vai fazer nada contra ela! – disse Will sorrindo. Mas Carlinhos ainda nos olhava preocupado. – Não se fizermos um bom trabalho...

- Will tem razão! – eu disse tentando acalmar Carlinhos. – Ele não vai fazer nada contra mim!

- Liv! E por que não faria?! – perguntou Carlinhos tentando se acalmar. – Ele é um pirata!

- Você seria o primeiro alvo dele! Enquanto nós estaríamos cuidando da tripulação, ele viria atrás de você... – disse Carlinhos ainda muito preocupado.

- Cacá! Reverter o feitiço significaria a Liv morta! Você sabe disso! É nossa única chance! – disse Will. Carlinhos assentiu nervoso. – E se não formos atrás dele, ele vai revirar o mundo atrás deste medalhão...

- Eu sei! – disse Carlinhos pensativo. O silêncio voltou a assombrar a cabine. Meus olhos começaram a pesar.

2 Comentários:

Blogger Cizar disse...

Muito legal o blog.
Li um pedaço da historia e achei bem interessante.
Escreve muito bem tambem.

Estou começando com um blog.
http://respirandopalavras.blogspot.com/
Se tiver tempinho de passar e der uma lida.

Bjos.

1 de abril de 2009 às 18:20  
Blogger Marcos Bassini disse...

Gostei muito. Essa aqui é uma obra em progresso, como diria o caetano?

8 de abril de 2009 às 08:25  

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