domingo, 12 de abril de 2009

CAPÍTULO VI - REVELAÇÕES

Eu não sei quanto tempo fiquei adormecida naquela cadeira. Mas acordei com uma discussão entre Will e Carlinhos, e eles pareciam muito nervosos.

                - Ele pode invadir o reino... – disse Will olhando sério para o irmão.

                - Ele não iria tão longe... temos um exercito! – rebateu Carlinhos.

                - Caca! Ele é um pirata! Ele não iria liderar uma invasão com muitos homens! Ele daria um jeito de entrar no castelo e pegar o medalhão! – Will disse encarando Carlinhos.

                - Nós poderíamos dobrar a segurança no castelo...

                - Por quanto tempo?! – Will perguntou sarcasticamente. Ele pode atacar hoje a tarde, como ele pode atacar daqui 10 anos!

                - A melhor maneira de pará-lo seria... – eu comecei. Os dois me encararam surpreso, pareciam não ter percebido que eu estava acordada. Eu tentei parecer que não havia percebido a surpresa deles – Ir atrás dele!

                - Liv... – começou Carlinhos segurando minhas mãos e olhando nos meus olhos. – Eu não quero arriscar te perder!

                - Você não vai me perder! – eu disse. Carlinhos me encarou por alguns segundos mas não disse nada.

                - Cacá! Ela ta certa! Você sabe disso! É a melhor forma! E ele não vai tentar nos afundar! Não se fizermos tudo do jeito certo! E nós temos chance contra ele!

                - Ele é imortal... – disse Carlinhos desanimado.

                - A Liv tem o medalhão! – disse Will.

                - Mesmo assim... – disse Carlinhos tentando ser racional.

                - A Liv é uma ótima navegadora, e luta muito bem! Você é o melhor homem do exercito real! E eu, bom.... eu tenho o navio mais rápido das redondezas, e tenho meus truques também! – disse Will sorrindo.

                - Não sei Will! – disse Carlinhos sério.

                - Por favor?! – eu pedi o encarando. Ele me olhou nos olhos desanimado.

                - Não agora! – disse Carlinhos desanimado. – Vamos voltar, explicamos tudo pro Jack,  montamos um plano... nos casamos... – continuou ele com seus olhos verdes em mim.

                - Casar?! – perguntou Will surpreso.

                - Ah! – exclamou Carlinhos sorrindo de repente. – Estamos noivos, dá pra acreditar?! – ele perguntou indo até Will. Will olhou pra mim desapontado e então sorriu pra Carlinhos.

                - Parabéns! – exclamou Will sem muito entusiasmo abraçando o irmão. O clima ficou um pouco pesado. Mais pesado do que quando conversávamos sobre Fokke. Carlinhos parecia confuso.

                - Will, eu posso falar com você um minutinho?! – eu perguntei. Carlinhos me olhou ainda mais confuso. O que eu podia fazer?! Will me indicou o caminho até seu “quarto”. Nós fomos em silêncio. Eu podia sentir o olhar de Carlinhos queimando em nossas costas.

                - Noiva?! – ele perguntou quando estávamos sozinhos.

                - Eu sei Will! Mas...

                - Noiva... – ele repetiu ainda sem acreditar. – Eu achei que você ia voltar...

                - Me desculpa! – eu disse. Eu não queria ver Will magoado.

                - Eu realmente fiquei muito triste quando vi seu pai... morto! Mas ao mesmo tempo, eu achei que você fosse voltar! – ele disse sem me olhar. Eu não evitei o encarar nos olhos.

                - Eu sei que eu disse que meu pai era a única coisa que me prendia no reino! E que eu ia voltar pra você...

                - Você não achou que eu tinha matado seu pai, só pra você voltar, achou?! – ele me perguntou muito sério.

                - Claro que não! – eu disse. A verdade é que eu não havia pensado no que eu havia prometido. Eu achei que ele já havia se esquecido de mim e de nossas promessas! Ele me encarou em silêncio por um tempo, respirou fundo e me abraçou. - Will! Eu gosto do seu irmão! De verdade! E ele gosta de mim...

                - Eu sei! Eu só não esperava! Me pegou um pouco de surpresa! – ele disse me encarando ainda um pouco confuso.

                - Me desculpa, eu...

                - Tudo bem! – ele disse sorrindo. – Só quero que vocês dois sejam muito felizes! Eu me importo de verdade com vocês e quero que vocês sejam felizes, Liv! Do fundo do meu coração! – ele disse parecendo sincero. Eu o encarei séria.

                - Will...

                - Ele sabe de alguma coisa?! – Will perguntou abaixando a voz.

                - Não! – eu respondi desapontada comigo mesma.

                - Ah! – exclamou Will arregalando seus olhos.

                - Eu quero contar... – eu disse.

                - Acho que esse não é o melhor momento! – Will disse pensativo. Carlinhos apareceu de repente, no vão entre a parede e o biombo.

                - Tem alguma coisa que eu estou perdendo?! – Carlinhos perguntou sério. Eu me sentei na grande cama de arcos de Will. Esse teria que ser o momento. Will me encarou por alguns segundos.

                - Você lembra quando eu fui estudar fora?! – eu perguntei sem tirar os olhos dos meus pés.

                - Navegação! Claro! Foi um dos piores anos da minha vida! – disse Carlinhos com um sorriso fraco.

                - Então! Não foi fora que eu fui estudar... quer dizer...

                - Ela passou esse tempo comigo! – disse Will de repente, se sentando ao meu lado. Carlinhos arregalou seus olhos verdes.

                - Ah! – exclamou ele. Seus olhos verdes pareciam muito maiores agora. – Pelo menos você teve um ótimo professor! – ele disse forçando um sorriso.

                - A intenção do meu pai era essa! Ter o melhor professor de navegação... mas, bom... – eu tentei continuar.

                - A gente acabou tendo um caso! – disse Will. Eu o agradeci por continuar as minhas frases difíceis.

                - Um caso?! – avaliou Carlinhos confuso.

                - Mas acabou! – disse Will muito sério. Eu concordei com a cabeça.

                - Acabou... – repetiu Carlinhos. Seus olhos verdes nos mediram por alguns instantes. Will estremeceu ao meu lado.

                - Acabou! – eu e Will dissemos em uníssono. Carlinhos continuou onde estava, pensando por alguns segundos.

                - Caca! A Liv era uma menina! Ela mudou agora! – disse Will tentando me ajudar.

                - Menina ou não, você se aproveitou... – disse Carlinhos. Havia uma pontinha de ódio em sua voz.

                - Eu sou um pirata! – disse Will dando com os ombros. – Ela era bonita! É bonita... não teve como resistir! Você não faria o mesmo?! – ele perguntou. Carlinhos me encarou por alguns segundos.

                - Claro! – Carlinhos respondeu sério. Os dois começaram a travar um verdadeiro duelo de olhares.

                - Nós temos coisas mais importantes pra nos preocuparmos! – eu disse tentando fazer com que eles parassem.

                - Fokke! Claro! – disse Will desviando seu olhar e Carlinhos.

                - Quando partimos?! – eu perguntei tentando afastar mudar o mais rápido possível de assunto. Carlinhos me encarou sério.

                - Amanhã voltamos ao reino, explicamos tudo pro seu irmão, nos casamos, reunimos o exercito e então podemos partir atrás de Fokke! – disse Carlinhos calmamente. Will pareceu não concordar, mas não disse nada, apenas respirou fundo.

                - Jack?! – eu perguntei incrédula. – Ele nunca vai ser a favor disso! Ele não pode nem sonhar no que vamos fazer...

                - Liv! Ele é seu irmão! Ele é Rei agora, eu não posso...

                - Claro que pode! – eu interrompi.

                - Liv... ou voltamos e contamos tudo pro seu irmão, ou não vamos! Esperamos ele vir até o reino e...

                - A gente só vai perder tempo! – Era pura perda de tempo. Eu já podia ver a cara do meu irmão quando contássemos à ele sobre isso.

                - Eu ainda posso ainda ter um reforço do exercito! – disse Carlinhos parecendo mais confiante.

                - Eu concordo com a Liv! Vocês só vão perder tempo! – disse finalmente Will quando alguém bateu a porta. Carlinhos revirou os olhos, enquanto Will se afastou. Carlinhos me encarou confuso por alguns instantes.

                - Você e Will?! Por que você não me contou antes?! – ele se sentando ao meu lado.

                - Não sei! Um pouco de medo, eu acho! – eu disse quando ele segurou minha mão.

                - Medo?! – ele perguntou sério.

                - Medo... de te perder, não sei! – eu respondi aflita. Will voltou sorrindo.

                - Temos comida! – ele informou.

                - Que bom! Eu to morrendo de fome! – eu exclamei me afastando dali. Era complicado conversar com Carlinhos sobre meu relacionamento com o irmão dele. Os dois me seguiram até a mesa, onde nós almoçamos. Carlinhos continuava decidido a voltar e ele fazia questão de que Will nos acompanhasse para que ele mesmo pudesse contar a história à Jack. Eu e Will não gostamos muita da idéia, mas ele estava extremamente determinado a isso. Quando escureceu, eu e Carlinhos voltamos para o navio real, e estava decidido que voltaríamos para o reino amanhã no inicio da tarde.

                Eu já estava deitada quando Carlinhos saiu do banho. Ele se deitou ao meu lado e me encarou por alguns segundos e depois sorriu. Eu retribui seu sorriso, e seus lábios tocaram meu pescoço e ele me abraçou.

                - Achei que você estava chateado! – eu disse o abraçando.

                - Por que?! – ele perguntou quando eu comecei a acariciar seu abdômen.

                - Não sei! Por hoje! Will e eu ficarmos insistindo em ir atrás do Fokke! – eu disse. Ele fez uma careta.

                - Não! Deve ter sido muito pior pra você! – ele disse acariciando meu rosto com seu polegar, e me beijando.

                - Pra mim?! – eu perguntei quando ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

                - Claro! Reviver a morte do seu pai...toda a história do medalhão! E depois me explicar sobre você e Will! – ele disse calmamente. – Foi um dia e tanto pra você!

                - Um pouco! – eu disse respirando fundo e repensando tudo o que eu tinha descoberto até agora. Nós nos encaramos por alguns segundos e nós nos beijamos. Eu me sentia tão segura e protegida com Carlinhos.

                - Você e Willian... – ele suspirou me soltando e olhando o lustre. Eu me acomodei sobre seu braço, eu pretendia evitar este assunto o máximo possível.

                - É passado! – eu disse acariciando seu abdômen. Ele me encarou sério por alguns segundos e brincou com seu polegar em meus lábios.

                - Você tem certeza?! – ele perguntou de repente olhando fundo nos meus olhos. Eu respirei fundo e desviei meu olhar. Não! Eu não tinha certeza! Quer dizer, faziam meses que eu não pensava em Will desta maneira, mas reencontrar ele, trouxe de volta vários sentimentos que estavam escondidos em algum lugar.

                - Certeza! – eu suspirei o abraçando. Ele ficou em silêncio por alguns segundos.

                - Tudo bem! – ele pareceu desconfiado, e não muito satisfeito com a minha resposta. – Pronta pra ir embora amanhã?! – ele perguntou mudando o assunto.

                - Você sabe o que eu penso! – eu disse voltando à o olhar nos olhos. Ele sorriu. Aquele sorriso que me deixava totalmente sem ação.

                - Você é tão teimosa! – ele disse ainda sorrindo. – Eu vou convencer seu irmão e nós vamos atrás do Fokke, como você quer!

                - Claro! – eu exclamei. Jack nunca iria concordar e Carlinhos sabia muito bem disso! Vir atrás de Will, era uma coisa, atrás de Fokke, era outra muito diferente! E Jack acreditava cegamente que seu exercito era imbatível.

                - Não vou dizer que vai ser fácil! – ele disse se virando pra ficar frente a frente comigo. – Mas tenho certeza que um dia seu irmão vai concordar! Você vai ver....

                - Ah! Um dia! Claro! Daqui uns 10 anos, quem sabe?! – eu disse.

                Ele riu da minha reação por alguns segundos e então me encarou com seus olhos verdes nos meus olhos e acariciou meu rosto. O toque de sua pele era tão quente e macio. Então, ele pegou minha mão e começou a brincar com meus dedos por alguns segundos. Ele me encarou e sorriu, aquele sorriso tímido que me deixava sem ar.

                - Eu tava imaginando... – ele começou, e então parou de repente. Seus olhos foram da minha mão para os meus olhos.

                - O que?! – eu perguntei tentando ler seus pensamentos. Ele riu novamente.

                - Nada! – ele sorriu voltando seus olhos para minha mão enquanto brincava com a antiga aliança da minha mãe.

                - Fala! – eu o encorajei sorrindo. Ele revirou os olhos e corou.

                - Não é nada Liv! – ele disse rindo. O som da sua voz dizendo meu nome me fez corar. Eu fiz um biquinho e ele riu acariciando meu rosto novamente. – Chantagista! – ele me acusou ainda rindo.

                - Então fala! – eu repliquei. Ele respirou fundo, parecia estar decidindo se me dizia ou não. Ele mordeu o canto esquerdo do seu lábio ainda pensativo e então sorriu.

                - Nada! Eu só estava imaginando como você gostaria que fosse nossa aliança!- ele disse sem me olhar nos olhos. Eu não consegui me conter e ri. – Você já tem tantas jóias e coisas assim, queria que fosse alguma coisa especial... – ele disse timidamente. Eu o encarei sorrindo.

                - Você sabe que eu não ligo pra isso! E esta aliança da minha mãe foi perfeita!– eu respondi.

                - Mesmo assim, essa foi idéia do Jack! Eu queria alguma coisa nossa! – ele disse corando. Mas de repente ele ficou pensativo e arregalou seus olhos verdes e me encarou desconfiado. – Não liga pro nosso casamento ou... – ele perguntou finalmente. Eu revirei o olhos.

                - Não ligo pras jóias! – eu respondi. Então ele sorriu. E ficamos em silêncio por alguns segundos.

                - Olívia Tach! – ele disse de repente quebrando o silêncio. Eu ri de mim mesma! Há alguns anos antes eu já havia pensado nisso. Mas o Tach em questão, era outro!

                - É eu gosto! – eu disse ainda sorrindo.

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